Comportar-se como um animal ao volante é tão português como o fado e o chibanço. Ter ministros a 200 km/h na A1 sem pagar multa, comprar um Audi em 2ª mão, meter um aileron Matias na oficina do bairro e testar o bólide na ponte Vasco da Gama é português. E dizer mal dos outros também. E viva o blogue :)



sexta-feira, 11 de julho de 2008

É carros eléctricos, é taxas "robin dos bosques"... é mas é muita lata!





É preciso ter uma grande lata! Só agora, em Julho de 2008, é que descobriram o maravilhoso mundo dos carros eléctricos! Realmente, as visitas à Finlândia devem ter servido só para reconhecer as pistas de ski por lá, e a visita da família real da Noruega cá em Portugal deve ter servido mesmo para o cozinheiro do rei aprender a cozinhar bacalhau decentemente.

Depois destes meses agonizantes com os combustíveis a subirem em proporção às contas bancárias dos administradores da Galp & Cª, eis que finalmente acordam para a realidade e é anunciada uma parceria com a Renault-Nissan para que Portugal seja uma das cobaias. Yup, Portugal, Dinamarca e Israel são os países escolhidos para testar os novos modelos da Renault. A opção por Portugal é simples: em primeiro lugar, deve dar jeito aos administradores do consórcio ter o Algarve à distância de umas horitas; em segundo, porque vamos entrar em ano eleitoral, obviamente!

Apesar de reconhecer que o Sócrates pelo menos tem tomates menos pequenos do que os outros primeiros-ministros (parafraseando o Henrique Medina Carreira, "um fugiu e ninguém sabe dele, o outro arranjou melhor tacho na UE, e outro foi despedido pelo presidente; este ainda vai aguentando"...), também é verdade que já cansa o show-off com que apresenta o óbvio. Ou devia-me sentir particularmente grato pelo carro eléctrico ter desconto de 30% no IA? Os carros instalados de raíz com GPL, ou híbridos, já possuem um abatimento de 40% no IA, o que quer dizer que são mais "amigos" do ambiente do que um 100% eléctrico? Ou são as percentgens que já estão a confudir o ministro? É que de primeiros-ministros do PS e de percentagens, nós já sabemos no que dá. Edição posterior: afinal estava errado, o desconto é de 70%, e não de 30%. Deixo no entanto o parágrafo original.

Acham que estou a ser injusto? Então reparem bem o que eu considero um INCENTIVO DECENTE para que a população opte finalmente por um tipo de carro que se encontra ainda mal visto, obra de um lobby petrolífero bem potente que, finalmente, está a diluir-se no próprio veneno que produziu, a especulação desenfreada:

  • Serem isentos de taxas (como o imposto de circulação)!
  • Serem isentos de algumas portagens (como na ponte 25 de Abril)!
  • Terem estacionamento gratuito, lugares específicos e com carregadores eléctricos no centro das grandes cidades!
  • Poderem circular nas faixas de bus!

Acham que estou a sonhar? Pois é precisamente estes benefícios que vigoram em países como na Noruega e em Westminster, Londres! Se o primeiro-ministro quer realmente que o tuga típico troque para um carro eléctrico, tem de fazer mais do que isso! Essa de aplicar a taxa "Robin dos Bosques" não passa de uma medida para tentar ganhar alguma simpatia eleitoral por causa do nome vistoso, mas na verdade o que ele quer é uma fatia do bolo chorudo que a Galp ganhou com a inacção do Governo em atenuar a exploração escandalosa a que fomos sujeitos! É assim que se apanham os hipócritas.

Mas já nada me surpreende, depois da Galp não ter efectivamente descido o preço do gás com a descida do IVA de 21% paa 20%, usando a desculpa super-esfarrapada do "erro informático", e os generosíssimos proxenetas da Galp ainda se oferecem para devolver o valor... De facto, é roubar e ainda rir na cara.

Já agora, alguém sabia que a Galp acabou de entrar para o top 500 das maiores empresas do mundo? É claro que, nos tempos que correm, não convém divulgar isto aos quatro ventos, pois todos nós sabemos de onde veio esse dinheirinho extra, e como é que foi obtido.

Honestamente, o meu medo agora é que larguemos um monopólio de proxenetas (Galp), para se calhar entrar noutro (EDP)... que venha a campanha eleitoral já, enquanto andamos meio habituados à roubalheira e pouca-vergonha! Assim ao menos somos poupados a mais meses de agonia e sofrimento em 2009.

12 comentários:

jccradventures disse...

estes "senhores" são uns iluminados!!!!
muito bem escrito.

Anónimo disse...

Atenção, os carros eléctricos não terão um desconto de 30% no IA, mas sim de 70%!

O que as notícias dizem é que estes carros pagarão apenas 30% daquele imposto.

Acho que por muitas segundas intenções que tenha, este programa é positivo... não vale a pena estarmos a bater quando não fazem nada... e depois a bater quando fazem seja o que for.

Um pouco mais de opimtismo também nos fazia bem, em Portugal.

Unknown disse...

Segundo a história do IA, o que eu percebi é que a componente ambiental deste imposto é de 70% e como esse componente seria 0, o IA ia ficar apenas a 30% (os hibridos tem desconto de 40% e por isso ficam com 60%). Pelo menos isto era assim à 3 ou 4 anos...

Em relação aos apoios aos carros eléctricos tens toda a razão. Só estou curioso relativamente à autonomia e ao tempo de carregamento. Acho que o que vai convencer definitivamente os portugueses vão ser as características do carro e o preço. Eu gostava de estar na fila da frente para comprar um mas o tio Sócrates não está a ajudar e o mais provável é quando chegar a hora eu estou nas lonas como o resto (90%) do nosso portugal.

Unknown disse...

Ao que consta esse Nissan que será testado no mercado português será um pequeno familiar de prestações simpáticas, com uma autonomia de 150km. Segundo li estão a ser estudadas parcerias com petrolíferas e parques de estacionamento para reabastecimento dos carros.

O Sócas mandou foi um tiro na água nas suas declarações, começou a trocar-se com as percentagens (típico) e às tantas disse "o que o governo pretende é que o IA dos carros eléctricos e a gasolina seja equiparado"... :)

Uma boa forma de promover este projecto era a administração pública ser OBRIGADA a utilizar apenas estes carros. E não precisa de ser inconstitucional. Basta sair uma leizeca que diga: a Administração Pública apenas pode adquirir, mediante concurso público, veículos 100% eléctricos. Como este supostamente será o único, a Nissan fica feliz pq potencia o negócio, e o Estado português gasta muito menos porque o Nissan será infinitamente mais barato que as banheiras de 75, 100 e 150 mil euros em que essa malta toda anda.

Unknown disse...

Luciano,

Em relação à autonomia, se sair mesmo com essa autonomia acho muito boa... desde que o carregamento numa bomba de gasolina não demore mais do que meia-hora. Não me apetece ter de dormir a meio caminho para o algarve...

Não digo toda a frota porque os nossos ministros precisam de se deslocar em missão de estado a 200Km/h para... casa da maezinha deles e os Nissan não vão fazer isso. Mas que mais de 50% do parque automóvel público podia ser, estou certo que sim...

Português ao volante disse...

Pedro e Sardinha, obrigado pela correcção. De facto, quando a esmola é muita, desconfiamos. Já está corrigido.

Anónimo disse...

Nenhum carro electrico carrega em meia hora, talvez 6 ou mais, têm que dar tempo á tecnologia...querem ter as mesmas facilidades dos carros a gasolina? :S metem o carro a carregar durante a noite e depois andam talvez 100 km...como eu, para mim chegava. viagens grandes? bem, orientem-se!

"Uma boa forma de promover este projecto era a administração pública ser OBRIGADA a utilizar apenas estes carros."

E não é a "administração publica" que cria as leis?, Nunca vão criar leis contra eles próprios.

Unknown disse...

André,

O orientem-se não é uma resposta inteligente neste aspecto (se o fabricante disser isso tá lixado). Deste modo vais tirar de cena todas as pessoas que não se podem dar ao luxo de ter 2 carros! Nós sabemos isso e os engenheiros que os fabricam também.
Li algures que em numa estação preparada para o efeito o carregamento poderia demorar 30 min. Provavelmente ainda ninguém sabe muito bem quanto vai demorar mas este aspecto é claramente um obstáculo.

Unknown disse...

Lá está, o problema é que quem nos governa, antes de mais, está-se a governar.

Anónimo disse...

"ISPERTO" este menino de oiro!

Anónimo disse...

Se não ouver forma diferente, em termos de autonomia, que remédio teremos nós se náo orientarmo-nos! Quando o nosso ordenado não der pra comprar um depósito vamos ver se a malta não se orienta!!! E acreditem senhores isto só vai piorar daqui pá frente!!!

Unknown disse...

Penso que não vamos chegar a esse ponto.
Na minha opinião, o petróleo que está nos 150USD não deve de chegar aos 500.
E se chegar o consumidor comum já não se vai importar com isso.
Em relação ao orientar-nos, a ciência avança com a necessidade das pessoas. Pense nos telemóveis no que eles eram inicialmente e no que são neste momento, quer em termos de autonomia quer em termos de funcionalidade.
O mesmo vai acontecer com os automóveis, a autonomia e a rapidez de carregamento vão evoluir (quanto mais caro tiver o petróleo mais dinheiro irá haver para este tipo de investigação)
O pior vão ser estes tempos de transição...


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