Zezé, o Terror dos Cemitérios!
Bem, se este país está a tornar-se numa verdadeira anedota, então o que dizer da comunicação social? Quero partilhar com vocês mais uma daquelas histórias que fazem-nos pensar que, realmente, Portugal é um sítio único deste planeta.
Ora parece que para os lados da Gafanha da Nazaré existe um fulano, nos seus 48 anos, operário fabril, orgulhoso dono de um Aixam, que é sempre receptivo a umas cargas etílicas. No Domingo, ao que parece, o fulano entusiasmou-se um pouco com o vinhinho e, enquanto circulava no seu bólide com a sua taxinha de 3,33 g/L de álcool no sangue, enganou-se na rua e entrou pelo cemitério dentro!.
E esta é a reportagem da SIC. Descubra as diferenças.
Agora é que a diversão começa: segundo a versão noticiada pela SIC, o tipo andou 20 a 30 metros, e não colocou ninguém em perigo. Limitou-se a sair do carro, curtir a ressaca e esperar que a bófia aparecesse. Ou seja, mais uma vítima de muitos anos a ler apenas jornais desportivos, certamente.
Ohhh, mas isto não tem piada nenhuma!! Não é? Há que apimentar a coisa! Entrar em modo "Correio da Manhã"! Ora, segundo a versão do fabuloso Correio da manhã e que podem ler aqui, a coisa passou-se mais ou menos assim:
- O tipo entrou a rasgar pelo cemitério adentro, qual Batman pela avenida principal de Gotham, com o Aixam a ulular no pico dos seus 19 cavalos. As pobres idosas foram apanhadas de surpresa, e tiveram que até atirar-se para dentro dos masoléus, para evitar o bólide serpenteante!
- Enquanto o tipo passava uns bons minutos a usar as campas como verdadeiras chicanes, arrifando no travão de mão do Aixam, prego a fundo, para aquelas power-slides entusiasmantes que só um mata-velhos consegue providenciar (quais Evos, quais Scoobys!), era possível ver diversos ossos, pedaços de campa, velas e flores a voar cemitério fora, tal como de um fogo de artifício se tratasse.
- Ora enquanto "algumas ficaram encostadas aos muros rezando, outras subiram para cima das campas, e outras ainda tentaram até entrar para dentro dos mausoléus", o tipo saiu calmamente da sua montada, "com um chapéu na cabeça, calças de ganga, botas à cowboy e óculos escuros, sentou-se numa campa, estendeu os pés para cima de outra e acendeu um cigarro.” (ora façam agora um "ahahahaaaa" à lá Ennio Morriconi e imaginem um arbusto seco a rolar pelo cemitério, para uma imagem mais épica deste acontecimento).
- Enquanto o nosso herói mandava a punch-line do momento, "Só vim visitar a campa da minha mãe, não vejo qual o problema", a nossa polícia de intervenção e de choque preparava a 'Operação Velório Dourado', ao pé da campa da dona Etelvina.
Confesso que sou fã do Correio da Manhã. Adoro as notícias servidas assim. Ou vejamos isto por outro lado: como é que é possível noticiar isto, sem nos desmanchar a rir? A brincadeira do fulano custou-lhe 550 euros, a carta por 8 meses, e um Aixam meio destruído, mas acho que sei porquê: ora uma pessoa premeia os portugueses ao volante de 2007, e logo no dia seguinte este tipo já faz tudo para ser o premiado para 2008! Irra, que começam cedo!