domingo, 9 de dezembro de 2007

"Como fazer de Portugal um campeão na sinistralidade rodoviária"





Viva, malta. Desculpem a semana sem postas fedorentas, mas estive em Oslo em trabalho, e por lá as micoses no escroto não se manifestam muito. Entre os intervalos, fui falando com alguns noruegueses e alguns portugueses radicados em Oslo e tentar perceber o porquê da Noruega apresentar das mais baixas taxas de sinistralidade do Mundo, apesar das ruas bem escorregadias e perigosas devido à neve. Como tal, tomei a liberdade e vou deambular sobre estas duas realidades bem diferentes, a ver se acende alguma lâmpada em cima do nosso toutiço...

Bem, em 2004, morreram na Noruega 257 pessoas, enquanto que em Portugal morreram 1135 pessoas. Sim, a população é cerca de metade da de Portugal, e estão mais concentrada nas áreas urbanas, mas eles têm estadas bem mais perigosas devido à neve. E olhem que pisar um passeio com gelo, com sapatos de sola lisa, não é uma coisa muito divertida de se fazer por lá...

Ora bem, para começar, a carta de condução norueguesa é de pontos! Uma ideia que já está em vigor há muitos anos em vários países e que tem provado ser muito eficaz em controlar os condutores reincidentes, só que cá em Portugal deve ser ainda considerada uma estrangeirice, e que deve precisar de, pelo menos, 3 estudos do LNEC e de outras entidades "independentes" para ser anunciado com pompa e circunstância nas campanhas para as eleições legislativas de 2009. Assim, tal como o dístico GPL, nós é que somos os espertos, o resto da Europa é que é mesmo tapadinha...

Alia-se isto ao facto de, lá, haver uma comissão que analisa os acidentes! Sim, não quis acreditar, mas uma investigação breve na net mostra que há estudos científicos e publicados em revistas da especialidade, que analisam detalhadamente a sinistralidade e as suas causas. Em Portugal, atalha-se este exercício científico inútil e dispendioso com uma conclusão genial, resumida em três palavras: "Excesso de Velocidade!" E é verdade: se todos os carros estivessem parados, não havia acidentes! Não está mal visto, não... Basta ver o vídeo que coloco ao lado, relacionado com um acidente na A24 com as primeiras chuvas em Portugal, onde se vê claramente que a causa foram os pneus carecas da carrinha, mas que todos os protagonistas não resistem em atalhar para a mãe das causas em Portugal: o Excesso de Velocidade!.

Ah, e esta é a minha favorita: lá, o limite de taxa de álcool no sangue é de 0,2 g/L. Tudo bem, mas a parte fantástica é que, se fores apanhado, tens direito a duas semanas, no mínimo, na prisão! Ah, e é verdade, não há lá "desculpe", ou "tome lá uma notinha de 50 euritos para si" ou "Sabes quem é o meu paizinho?!"... não há ses, é directo para a pildra, e vais com sorte, pois as prisões lá devem ser aquecidas. Em Portugal já sabemos como é... para cada operação stop realizada, encontra-se de tudo: condutores alcoolizados, sem carta, em excesso de velocidade, sem seguro, etc! Qualquer dia, atá apanham plantações de cannabis na mala...

E porquê? Porque em Portugal, se fores apanhado sem carta ou alcoolizado, não te acontece nada! Estive a ler, no avião, esta notícia no Correio da Manhã. Resumindo, um gajo foi apanhado a conduzir sem carta por duas vezes; das duas vezes saiu em liberdade. À terceira, teve um acidente e matou uma mulher. Na Noruega, um gajo que beba MEIA cerveja já sabe que tem de ir de táxi para casa, senão passa umas noites valentes na prisão. Para mim, é o suficiente para pensar duas vezes antes de arriscar conduzir... mas em Portugal, não te acontece nada.

Que venham mais radares para as estradas portuguesas! Quantos mais, melhor.

9 comentários:

  1. Nos países em que há neve com alguma regularidade, é difícil circular em velocidade durante essa altura. Qualquer manobra brusca a 50Km/h é suficiente para ver o carro a deslizar para a berma.

    A alta velocidade é meio caminho andado para a campa (como o último acidente em faro que destruiu uma casa, numa zona de 50, o tipo devia ir a 180).

    Na Noruega, com gelo, os condutores param nas passadeiras ?

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  2. Eu vi nas notícias esse de Faro... para galgar a EN125, passar um pinheiro, derrubar uma parede e incendiar-se, não ia a pisar ovos, isso garanto.

    Rui, tu já foste a Oslo também, não foste?!

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  3. "O chefe dos bombeiros municipais de Viseu, António Ribeiro, disse à SIC que “talvez tenha sido um pouco de velocidade a mais que tenha estado na origem do acidente”"

    Tal como posso ir a 30 no meio da cidade, atravessar-se uma pessoa a frente e eu passar-lhe por cima...continuo a ir rapido demais.
    Agora, pneus lisos na água não é bom, e os gajos da formula 1 sabem disso portanto metem pneus traçados, slicks só qd o alcatrão está seco. O gajo esqueçeu-se foi d mudar os pneus.

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  4. Bom dia e bom regresso.
    Infelizmente é bem verdade. Os acidentes acontecem e as culpas morrem solteiras.
    Atribuem-se sempre as culpas ao excesso de velocidade, à idade dos condutores, ao adormecer ao volante, ...
    Mas nunca por nunca ao excesso de idade dos veiculos, às inspecções deficientes, ao traçado irregular das estradas, à deficiente sinalização, ...
    Tenho a minha muito particular opinião que não é com mais radares e "caça à multa" que os acidentes vão diminuir. Veja-se por exemplo a 2ªcircular. É saber onde estão os radares e acelerar depois de passarem por eles...
    A diminuição da sinistralidade passa pela consciencialização da população, não pela repressão nem pela caça á multa!

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  5. Não fui a Oslo, mas já conduzi conduzi um "seiscento" durante 5 horas em 120 KM numa estrada polaca em pleno nevão. Que frete, a velocidade máximo que se conseguia não ia para além dos 40Km/h.

    Ao último utilizador, no acidente que aconteceu em Faro. Aquele monte de sucata já nem sequer parecia um carro. É importante o que referiste, mas os imprevistos (miúdos, bolas, saias, tipos que não param nos STOP) acontecem, e quanto mais rápido se for, menos tempo para reagir, mais danos, e mais "ferimentos", está sempre a acontecer imprevistos, e muitos deles não resultam em acidente ou não são registados, por isso é que é preciso moderar a velocidade e não transgredir, para que os imprevistos não tenham consequências.

    Enquanto à consciencialização depende de cada um. Deve estar nos genes :)

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  6. Principais causas das desgraças nas estradas:

    Falta muita educação sobre civismo!
    É a falta de respeito pela vida!
    E muita falta de consciencia das consequências dos nossos actos!

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  7. bem aqueles pneus metiam medo só de olhar... eu só nao sei é como é que ainda passam carros assim nas inspecções...

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  8. Quanto às diferenças Noruega/Portugal, para lá das óbvias, atenção que o factor ambiental é importantíssimo na taxa de mortalidade ao volante. Por exemplo, em Portugal, há muito mais acidentes no Inverno, com consequencias muito menos graves. Na neve e gelo, então, há muito mais acidentes, mas a reduzidissima velocidade a que os carros circulam previne lesões graves.

    Em relação aos pneus da carrinha, porque raio é que o tipo gasta dinheiro em tinta branca para pintar as letras do pneu em vez de comprar uns novos, mesmo de marca branca? Com aqueles pneus à chuva, qualquer velocidade é excessiva! Portanto, na causa lá há-de vir "Velocidade Excessiva".

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  9. Penso que não se pode comparar um país moderno e civilizado como é Portugal a um país em vias de desenvolvimento como a Noruega ;-)

    Para além disso, a falta de civismo dos condutores que se apregoa é um "mal" generalizado da sociedade portuguesa a começar nos políticos que culmina no povo! Quem nunca ouviu falar do Sr. ministro X que ia a 200 e tal, foi apanhado e ainda tentou esquivar-se? E do político Y que tinha um "saco azul", foi apanhado e julgado e para se defender ainda usa dinheiros da Câmara? Enfim... tantos casos.

    Essa do condutor que foi apanhado duas vezes sem carta, colocado em liberdade e à terceira matou... penso que a culpa não lhe deve ser imputada, mas sim ao juiz que o colocou em liberdade ou ao legista que fez as leis que permitiu essa libertação!

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