Viva, malta. Desculpem a semana sem postas fedorentas, mas estive em Oslo em trabalho, e por lá as micoses no escroto não se manifestam muito. Entre os intervalos, fui falando com alguns noruegueses e alguns portugueses radicados em Oslo e tentar perceber o porquê da Noruega apresentar das mais baixas taxas de sinistralidade do Mundo, apesar das ruas bem escorregadias e perigosas devido à neve. Como tal, tomei a liberdade e vou deambular sobre estas duas realidades bem diferentes, a ver se acende alguma lâmpada em cima do nosso toutiço...
Bem, em 2004, morreram na Noruega 257 pessoas, enquanto que em Portugal morreram 1135 pessoas. Sim, a população é cerca de metade da de Portugal, e estão mais concentrada nas áreas urbanas, mas eles têm estadas bem mais perigosas devido à neve. E olhem que pisar um passeio com gelo, com sapatos de sola lisa, não é uma coisa muito divertida de se fazer por lá...
Ora bem, para começar, a carta de condução norueguesa é de pontos! Uma ideia que já está em vigor há muitos anos em vários países e que tem provado ser muito eficaz em controlar os condutores reincidentes, só que cá em Portugal deve ser ainda considerada uma estrangeirice, e que deve precisar de, pelo menos, 3 estudos do LNEC e de outras entidades "independentes" para ser anunciado com pompa e circunstância nas campanhas para as eleições legislativas de 2009. Assim, tal como o dístico GPL, nós é que somos os espertos, o resto da Europa é que é mesmo tapadinha...
Alia-se isto ao facto de, lá, haver uma comissão que analisa os acidentes! Sim, não quis acreditar, mas uma investigação breve na net mostra que há estudos científicos e publicados em revistas da especialidade, que analisam detalhadamente a sinistralidade e as suas causas. Em Portugal, atalha-se este exercício científico inútil e dispendioso com uma conclusão genial, resumida em três palavras: "Excesso de Velocidade!" E é verdade: se todos os carros estivessem parados, não havia acidentes! Não está mal visto, não... Basta ver o vídeo que coloco ao lado, relacionado com um acidente na A24 com as primeiras chuvas em Portugal, onde se vê claramente que a causa foram os pneus carecas da carrinha, mas que todos os protagonistas não resistem em atalhar para a mãe das causas em Portugal: o Excesso de Velocidade!.
Ah, e esta é a minha favorita: lá, o limite de taxa de álcool no sangue é de 0,2 g/L. Tudo bem, mas a parte fantástica é que, se fores apanhado, tens direito a duas semanas, no mínimo, na prisão! Ah, e é verdade, não há lá "desculpe", ou "tome lá uma notinha de 50 euritos para si" ou "Sabes quem é o meu paizinho?!"... não há ses, é directo para a pildra, e vais com sorte, pois as prisões lá devem ser aquecidas. Em Portugal já sabemos como é... para cada operação stop realizada, encontra-se de tudo: condutores alcoolizados, sem carta, em excesso de velocidade, sem seguro, etc! Qualquer dia, atá apanham plantações de cannabis na mala...
E porquê? Porque em Portugal, se fores apanhado sem carta ou alcoolizado, não te acontece nada! Estive a ler, no avião, esta notícia no Correio da Manhã. Resumindo, um gajo foi apanhado a conduzir sem carta por duas vezes; das duas vezes saiu em liberdade. À terceira, teve um acidente e matou uma mulher. Na Noruega, um gajo que beba MEIA cerveja já sabe que tem de ir de táxi para casa, senão passa umas noites valentes na prisão. Para mim, é o suficiente para pensar duas vezes antes de arriscar conduzir... mas em Portugal, não te acontece nada.
Que venham mais radares para as estradas portuguesas! Quantos mais, melhor.
Nos países em que há neve com alguma regularidade, é difícil circular em velocidade durante essa altura. Qualquer manobra brusca a 50Km/h é suficiente para ver o carro a deslizar para a berma.
ResponderEliminarA alta velocidade é meio caminho andado para a campa (como o último acidente em faro que destruiu uma casa, numa zona de 50, o tipo devia ir a 180).
Na Noruega, com gelo, os condutores param nas passadeiras ?
Eu vi nas notícias esse de Faro... para galgar a EN125, passar um pinheiro, derrubar uma parede e incendiar-se, não ia a pisar ovos, isso garanto.
ResponderEliminarRui, tu já foste a Oslo também, não foste?!
"O chefe dos bombeiros municipais de Viseu, António Ribeiro, disse à SIC que “talvez tenha sido um pouco de velocidade a mais que tenha estado na origem do acidente”"
ResponderEliminarTal como posso ir a 30 no meio da cidade, atravessar-se uma pessoa a frente e eu passar-lhe por cima...continuo a ir rapido demais.
Agora, pneus lisos na água não é bom, e os gajos da formula 1 sabem disso portanto metem pneus traçados, slicks só qd o alcatrão está seco. O gajo esqueçeu-se foi d mudar os pneus.
Bom dia e bom regresso.
ResponderEliminarInfelizmente é bem verdade. Os acidentes acontecem e as culpas morrem solteiras.
Atribuem-se sempre as culpas ao excesso de velocidade, à idade dos condutores, ao adormecer ao volante, ...
Mas nunca por nunca ao excesso de idade dos veiculos, às inspecções deficientes, ao traçado irregular das estradas, à deficiente sinalização, ...
Tenho a minha muito particular opinião que não é com mais radares e "caça à multa" que os acidentes vão diminuir. Veja-se por exemplo a 2ªcircular. É saber onde estão os radares e acelerar depois de passarem por eles...
A diminuição da sinistralidade passa pela consciencialização da população, não pela repressão nem pela caça á multa!
Não fui a Oslo, mas já conduzi conduzi um "seiscento" durante 5 horas em 120 KM numa estrada polaca em pleno nevão. Que frete, a velocidade máximo que se conseguia não ia para além dos 40Km/h.
ResponderEliminarAo último utilizador, no acidente que aconteceu em Faro. Aquele monte de sucata já nem sequer parecia um carro. É importante o que referiste, mas os imprevistos (miúdos, bolas, saias, tipos que não param nos STOP) acontecem, e quanto mais rápido se for, menos tempo para reagir, mais danos, e mais "ferimentos", está sempre a acontecer imprevistos, e muitos deles não resultam em acidente ou não são registados, por isso é que é preciso moderar a velocidade e não transgredir, para que os imprevistos não tenham consequências.
Enquanto à consciencialização depende de cada um. Deve estar nos genes :)
Principais causas das desgraças nas estradas:
ResponderEliminarFalta muita educação sobre civismo!
É a falta de respeito pela vida!
E muita falta de consciencia das consequências dos nossos actos!
bem aqueles pneus metiam medo só de olhar... eu só nao sei é como é que ainda passam carros assim nas inspecções...
ResponderEliminarQuanto às diferenças Noruega/Portugal, para lá das óbvias, atenção que o factor ambiental é importantíssimo na taxa de mortalidade ao volante. Por exemplo, em Portugal, há muito mais acidentes no Inverno, com consequencias muito menos graves. Na neve e gelo, então, há muito mais acidentes, mas a reduzidissima velocidade a que os carros circulam previne lesões graves.
ResponderEliminarEm relação aos pneus da carrinha, porque raio é que o tipo gasta dinheiro em tinta branca para pintar as letras do pneu em vez de comprar uns novos, mesmo de marca branca? Com aqueles pneus à chuva, qualquer velocidade é excessiva! Portanto, na causa lá há-de vir "Velocidade Excessiva".
Penso que não se pode comparar um país moderno e civilizado como é Portugal a um país em vias de desenvolvimento como a Noruega ;-)
ResponderEliminarPara além disso, a falta de civismo dos condutores que se apregoa é um "mal" generalizado da sociedade portuguesa a começar nos políticos que culmina no povo! Quem nunca ouviu falar do Sr. ministro X que ia a 200 e tal, foi apanhado e ainda tentou esquivar-se? E do político Y que tinha um "saco azul", foi apanhado e julgado e para se defender ainda usa dinheiros da Câmara? Enfim... tantos casos.
Essa do condutor que foi apanhado duas vezes sem carta, colocado em liberdade e à terceira matou... penso que a culpa não lhe deve ser imputada, mas sim ao juiz que o colocou em liberdade ou ao legista que fez as leis que permitiu essa libertação!