segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Rendinhas e Fátimas!



Porque é que nunca se vê obras de arte como estas nas revistas de tuning?!


Quando era miúdo, uma vez fui brincar a casa de um amigo meu (ele tinha um Spectrum, grande máquina), e no final da tarde, o pai dele levou-me a casa no seu Fiat 128 (outra grande máquina). Esse Fiat era qualquer coisa de "divinal": tinha o tablier com um paninho de rendas e uma Nossa Senhora fixada na consola central, bem como a famelga toda a decorar o topo do porta-luvas. Aquele carro parecia uma capela sobre rodas, e lembro-me de ficar fascinado por todos os detalhes de decoração religiosa(é claro que o retrovisor tinha o famosíssimo terço pendurado).

Desde que comecei este blogue, que eu queria abordar esse mistério recôndito do nosso subconsciente automobilístico, que é o impulso de certos tugas de querer mobilar os nossos carros com rendas (e motivos religiosos). O tuga que apanhei em cima possui apenas umas capinhas rendadas nos bancos, compradas no LIDL, bem como um volante catita. Mas o leitor já viu de certeza outros exemplos fantásticos de macramê e de renda caseira a enfeitar os cockpits de muitos carros tugas. Tudo obra da verdadeira dona do carro, que é a esposa do tuga!

Em primeiro lugar, compreendo que uma rendinha até possa evitar que o sol estrague os plásticos usados em certos carros, mas que raios, aquele banco deve torturar todas as costelas do condutor num dia de verão (depois falo nas capas com bolinhas de madeira e nos taxistas, isso é para um post mais saboroso). O problema é que a esposa do tuga que manda lá dentro. Essas esposas estão tipicamente com um olho no tricot, e outro na estrada. Ao mesmo tempo, poluem o ar com coisas do tipo "A badalhoca do 3º já meteu outro tipo em casa... não vás tão depressa! Olha o sinal! Não te aproximes tanto do da frente. E ela passou por mim no elevador, nem disse olá, e bla bla bla bla"...

Senhor leitor, tenha muito cuidado com carros rendados como este. Além de o pobre condutor estar com ambas as orelhas entupidas com queijo, ele subitamente pode guinar para a esquerda e para a direita sem dar pisca, especialmente, em ruas com muitas montras a anunciar saldos. Dé-lhe uma buzinadela de solidariedade ao moço no semáforo, abra a janela e diga-lhe: "Podia ser pior, podia ter uma capa rendada no volante e na alavanca de velocidades!", que esse tuga merece ir para o céu. E nem precisa de Fátimas coladas no tablier para isso.

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