Comportar-se como um animal ao volante é tão português como o fado e o chibanço. Ter ministros a 200 km/h na A1 sem pagar multa, comprar um Audi em 2ª mão, meter um aileron Matias na oficina do bairro e testar o bólide na ponte Vasco da Gama é português. E dizer mal dos outros também. E viva o blogue :)



quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Trabantuning!





Que raios, uma pessoa não pode estar descansado a gozar umas fériazitas em Budapeste, e anda tudo a reclamar por carne fresca para enxovalhar aqui no pelourinho dos tugas automobilizados... é verdade que tenho recebido várias contribuições vossas (desculpem a quem não levou com uma resposta minha), e eu sei que eu tenho andado a empatado um pouquinho (tenho que retomar o trabalho acumulado, malta!), mas deixem-me fazer por enquanto um belo parêntesis sobre os «húngaros ao volante», na sua versão mais... xungosa.

Bem, os húngaros podem-se gabar de terem um parque automobilístico bem semelhante ao português, com boas e modernas máquinas, mas também com umas pequenas salpicadas de carros bem antigos. Nisto, eles possuem uma vantagem tremenda, que são as verdadeiras relíquias do tempo de Kruschev e camaradas, tais como os terrivelmente penosos Zastavas, os horrorosíssimos Warteburg 353, que classifico como um produto de noite louca e regada a vodka entre um frigorífico e uma traineira, aqueles Fiat 126 fabricados na Polónia, e claro, os típicos Trabant.





Devo confessar que até sinto alguma simpatia pelo Trabant... apesar do seu motor pestilento de dois tempos, 25 cavalos e emissor de horrorosas e pestilentas nuvens de fumo azul, o carro é bem honesto, não enferrujava (claro, aquilo não é chapa, era Duroplast. Pelo menos, duraram bem mais tempo que os Alfa Romeo Arna...), e foi o mítico transportador de milhares de famílias rumo à liberdade no Ocidente. Já vi que há um Trabant a circular em Portugal (importado, claro), o que é estranho só para quem não conhece o misticismo deste carro. É poluidor, lento, desconfortável, torto... mas é um Trabant, e tem mais história num parafuso da roda do que um Kia.

Ora, como se compreende, quem não tem cão, caça com gato. E xunings há em todos os cantos do mundo; ora, os Trabants também não são excepção, e também levam com as suas alterações estéticas dúbias, que pouco ou nada fazem com que o carro ande a mais de 112km/h de velocidade de ponta. Seja como fôr, apanhei um Trabant amarelo com dupla faixa branca ao fundo, e em mais pormenor, apanhei este com uma dupla fita adesiva azul, desde o pára-choques até ao topo do capô, e que repetia o mesmo molde na parte da mala (sim, era um Trabant SW), embora já um pouco descascada. Gosto particularmente na secção onde a fita cola passa pelos buracos da grelha, onde o dono não se preocupou em cortar e dobrar a fita para dentro, para melhor simular as riscas de tinta. Isso sim, é o equivalente do Xuning para o minimalismo na pintura. Vejam se conseguem xunguificar o vosso carro com uns meros 10 Forints (cerca de 4 cêntimos)...

Bem, eu julgava que a versão desportiva do Trabant destavaca-se por ter um par de sapatilhas na mala... agora estou elucidado. Bem, vou estar de volta para recuperar o pior que se faz nas estradas portuguesas, e digo-vos já, em dois dias, já apanhei tamanhos burgessos à minha frente nas filas, que só dá mesmo vontade de rir.

4 comentários:

Torre disse...

Por acaso sempre achei muita piada a estes carros, a primeira vez que tomei conhecimento da existência deles foi através de uma Auto Hoje, do tempo do pós guerra fria/ queda do muro de Berlim, em que faziam a análise do carro, e também um comparativo com o BMW 520i da altra... Uma das fotos tinha uma legenda espectacular, dizia algo como: "Após o presente comparativo, descobrimos que estes dois modelos, um da alemanha democrática, e outro da alemanha federal, pouco têm em comum a não ser ambos possuírem quatro rodas... Muito bom! :D

Torre disse...

E entretanto estive a vasculhar os links do Trabant na Wikipédia e, a gozar com a estrutura em Duraplast (plástico reforçado com algodão ou cartão... Sim, cartão!) descobri esta anedota, que é um portento:


Um sheik riquíssimo, magnata do petróleo, numa visita à (Ex) RFA, ouviu falar da existência na (Ex) RDA de um carro que após encomenda, demorava dez anos a chegar.

Como era colecionador de modelos exclusivos, e pensando para si que se a Rolls Royce demorava menos a entregar-lhe os seus carritos, logo cuidou de encomendar um Trabant, que se era assim tão exclusivo, tinha de ter um na sua colecção!

Na fábrica do Trabant, quando souberam que o sheik tinha encomendado uma unidade, todos se encheram de júbilo, houve palestras sem fim em todo o país a revelar o sucesso da fábrica, que a qualidade dos modelos não conhecia fronteiras, que juntos continuariam o grande plano, etc. etc. (vocês conhecem a cassete)

Então, para darem resposta o mais rápidamente ao desejo do sheik, alteraram o plano quinquenal todo, e em pouco mais de um mês tinham o carro dele pronto.

O sheik, chegada a encomenda da fábrica, logo reuniu todos os seus amigos, para lhes revelar tamanho fenómeno da tecnologia do bloco!

Ao abrir a caixa, e deparando-se com o tímido Trabant, logo exclama: "Fantástico! Vejam só, não só demora tempos e tempos a vir, como enviam ao cliente uma amostra em cartão antes para experimentar, com motor e tudo!!!"

LOL!

:D

Torre disse...

Não tem ferrugem? Aquilo é tão mau que até o plástico ganha ferrugem, a julgar pelo Shelby-Cobra-lookalike que está na última foto.
Só agora vi que também tinhas o link directo para a anedota... Mas valeu a pena pela tradução e adaptação, quem conta um ponto, acrescenta um ponto!

Português ao volante disse...

Torre, já viste o filme "gato preto, gato branco"? Agora percebes porque é que o porco estava a comer o Trabant!! ;)


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