Comportar-se como um animal ao volante é tão português como o fado e o chibanço. Ter ministros a 200 km/h na A1 sem pagar multa, comprar um Audi em 2ª mão, meter um aileron Matias na oficina do bairro e testar o bólide na ponte Vasco da Gama é português. E dizer mal dos outros também. E viva o blogue :)



quarta-feira, 7 de março de 2007

Ajude o Estado, compre sucata velha!



"Senhoras e senhores, tenho aqui um clássico...
er... carro qualquer, em estado medíocre. A
base de licitação é 1 euro. Quem dá mais?"


Pois é, hoje serão vendidos cerca de 131 veículos da Direcção Geral do Património, na sua Hasta Pública nº 1 de 2007. Aqui fica a lista, onde se pode ver que 90 deles foram classificados em mau estado. A maioria dos carros estão a preço de saldo, porque... bem... estão em mau estado. Podem ver vocês mesmos algumas imagens e comentários sobre alguns dos carros que algumas pessoas foram visitar.

Onde anda o Ministro do Ambiente? Já agora, alguém sabe se temos algum Ministro do Ambiemte? É que não sei o nome dele, nem nunca aparece na televisão... se calhar, ele devia ter alguma coisa a dizer, isto se o Sócrates não lhe meteu uma rolha na boca.

Segundo o Diário Digital, o ACP já contestou a venda de automóveis velhos do Governo, e defende o abate dos veículos e acusa o Governo de mau exemplo. Como se entende perfeitamente.

"Ao todo vão ser vendidos 131 veículos, dos quais 90 classificados em mau estado pela Direcção-Geral do Património, a maioria devido à sua idade, superior a 15 anos. «O governo incentiva os cidadãos a abater os automóveis, por questões que se prendem com a segurança e a poluição rodoviária. Mas, quando se trata do seu próprio envelhecido parque automóvel, o Estado coloca-o no mercado», refere a direcção do ACP, em comunicado hoje divulgado.

"O Ministério das Finanças, contactado pela agência Lusa, argumenta que os veículos colocados em praça com maior antiguidade são veículos que «quase já se podem considerar como clássicos e que despertam muito interesse dos coleccionadores»".

O Ministro Teixeira dos Santos, grande connoisseur de automóveis clássicos, sabe do que fala. E os ministros percebem muito de carros e da realidade portuguesa, senão não andavam na A1 a mais de 200km/h sem serem multados. Ele fala de clássicos como por exemplo um Ford Fiesta de 1991 por 250 euros(2), uma Toyota Hiace de 1992 (62), as Renault Traffic e Master (36 ao 41), ou os bem clássicos Fiat Uno e Puntos ou Opel Corsa, que há à paletes na lista, todos em mau estado. Ou seja, clássicos à portuguesa, que qualquer um gostaria de ter na garagem.

"Segundo a mesma fonte, só vão ser vendidos os veículos cujo estado de conservação ainda permite a sua circulação."

Ao que parece, há lá um Toyota que não tem motor. Mas isso é um detalhe minúsculo. Avante.

«Os veículos cujo estado de conservação já não permite recuperação são considerados veículos em fim de vida e o seu destino obedece à legislação ambiental em vigor. Assim aconteceu em Julho de 2006 com o desmantelamento qualificado de 165 veículos», adianta o Ministério.

Ok, já percebi: no fundo, já sabem que a maioria dos carros nem se mexe, e o que eles querem é vender os carros para peças. Resta saber qual é o sucateiro que paga mais de 600,00 € por uma Bedford KBD 46 de 1983, em estado medíocre, só para peças...

O ACP defende que o anúncio de venda de veículos do Estado demonstra que «as regras são só para os outros cumprirem e em nada contribui para a modernização do parque automóvel português».
O Ministério das Finanças lembra que a Direcção-Geral do Património está isenta do pagamento do Imposto Automóvel (IA) e não pode usufruir do regime de incentivo fiscal à destruição de automóveis ligeiros em fim de vida, que reveste a forma de dedução do IA aquando da aquisição de um automóvel ligeiro novo.


Por outras palavras: O Estado não ganha nada em destruir os veículos. Mas é capaz de ganhar uns trocos a vender sucata velha e imprópria para circular nas estradas. E mais: ganha no imposto da gasolina, pois esses carros não são propriamente tecnologia de ponta quanto à economia de combustível. Mais uns impostositos de matrículas e de seguros, postos de inspecção (que vão chumbar esses carros, de certeza) e temos uma bela factura! Os donos, muito provavelmente, não poderão abater os veículos lá no regime de abate e desconto no IA, porque são proprietários desses veículos há pouco tempo. Digam lá se o Ministro das Finanças não é uma cabecinha pensadora, hã? Que se lixe a ética, viva o dinheiro!

6 comentários:

Anónimo disse...

Leilões desses deviam ser invertidos (penso que é assim que se chamam ao leilões em que a base de licitação vai descendo em vez de subir). O Estado no fim arrecadava a bonita quantia de 0€ e ganhava espaço em parque fechado para mais sucata.

Português ao volante disse...

São os leilões holandeses. E não é propriamente um leilão, é uma hasta, ou seja, mandas uma carta com o valor que dás, e depois são todas abertas. Quem der mais, fica com a sucat... o carro.

O valor mínimo já foi fixado.

Rui Vilela disse...

Os meus pais compraram um carro novo há 4 anos e deram para retoma um citroên AX de 1989 (funcionava). Obtiveram um desconto nos impostos no total de ~€1250 (gama de passageiros).

Acho curioso venderem estas sucatas.

Anónimo disse...

"Os meus pais compraram um carro novo há 4 anos e deram para retoma um citroên AX de 1989 (funcionava). Obtiveram um desconto nos impostos no total de ~€1250 (gama de passageiros).

Acho curioso venderem estas sucatas."

Tem tanto de curioso como de estúpido.O estado compra os carros e depois vende-os já sucata para outras pessoas comprarem, pessoas estas que provavelmente aproveitam depois para os dar ao abate e ter os descontos que os seus pais tiveram na compra de novo,ou seja, o estado está ainda a pagar para essas pessoas se livrarem dos carros.Não seria mais fácil e barato livrarem-se logo deles?Porquê vender quando já são considerados sucata? Cabecinhas pouco pensadoras!!!
Digo eu.....

Rui Vilela disse...

Anónimo, na altura tivemos uma declaração em como o carro foi reduzido a um pequeno cubo, metido num navio em Setúbal e exportado para algures. (Deve ser outro ministério a fazer estas coisas :))

Anónimo disse...

Tem tanto de curioso como de estúpido.O estado compra os carros e depois vende-os já sucata para outras pessoas comprarem, pessoas estas que provavelmente aproveitam depois para os dar ao abate e ter os descontos que os seus pais tiveram na compra de novo,ou seja, o estado está ainda a pagar para essas pessoas se livrarem dos carros.Não seria mais fácil e barato livrarem-se logo deles?Porquê vender quando já são considerados sucata? Cabecinhas pouco pensadoras!!!
Digo eu.....


Pensa agora mais um bocadinho, para dar o carro para abate tens que comprar outro novo, ao comprares esse novo estás a pagar IA, IA esse que reverte para o governo, e muitas é mto mais que os 1250 que dão por ele para abte ;)


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